Glúten contém informação
- Caio Gonzaga
- 23 de nov. de 2017
- 4 min de leitura
Você é daquele tipo de pessoa que segue a dieta direitinho durante a semana, mas aí chega no final de semana e come como um “condenado”? Ou já tentou seguir aquela dieta cheia de restrições e não deu certo?
Pois bem, no caso dos celíacos a dieta precisa durar muito: a vida toda. Não é fácil, mas é possível replanejar a alimentação e manter uma vida saudável.
Glúten, pra que te quero?
Alguns falam que é veneno e outros dizem que é maléfico apenas para quem possui doença celíaca. Todo mundo já ouviu falar, mas você conhece as propriedades do glúten?

Há pessoas que têm alergia ao glúten. O glúten é uma proteína presente no trigo, nas farinhas e numa série de alimentos que nós ingerimos todos os dias. As pessoas que têm alergia a essa proteína sofrem de uma reação intestinal intensa. Quando o glúten chega ao intestino da pessoa celíaca acontece uma resposta imunológica contra o glúten reagindo contra a presença daquela proteína estranha e com isso há alterações intestinais importantes.
São pessoas que todas as vezes que comem glúten ficam com cólicas, gases e podem ter episódios de diarreia. Isso acontece em crianças e adultos e, às vezes, pode acarretar até em lesões de pele (grandes manchas escuras). O glúten não só causa um grande mal-estar aos portadores dessa doença, os chamados celíacos, como também ele pode atrasar o desenvolvimento das crianças.Por exemplo, uma criança pequena com diarreia o tempo todo não absorve os nutrientes que são necessários.
Esta é uma doença bem caracterizada na medicina, mas o diagnóstico nem sempre é fácil. As pessoas muitas vezes carregam os sintomas por muito tempo até que encontrem um médico que desconfie e peça os exames necessários para confirmar a doença do glúten.
Celíacos em números
No mundo, estima-se que de 1% a 2% da população tenha doença celíaca, um percentual bem superior ao registrado na década de 1970, que ficava na casa de 0,03%. Apenas 17% dos celíacos norte-americanos já foram diagnosticados, o que significa que, só nos Estados Unidos, 2,5 milhões de pessoas estão convivendo com a doença sem saber.
Segundo dados do Hospital Albert Eisnten, estima-se que no Brasil uma em cada 200 ou 250 pessoas são celíacas.
Hype da dieta sem glúten
Em meados de 2016, surgiu uma grande tendência de se evitar o glúten. Algumas pessoas tiraram o glúten e descobriram que sem ele há emagrecimento. Mas por que emagrece? Tirando o glúten, são removidos todos os farináceos da dieta e com isso você tem uma dieta com menos carboidratos, ou seja,
com valores calóricos mais baixos. É isso, na verdade, que faz o emagrecimento.
Segundo os especialistas, quem deve parar de comer glúten são aqueles que têm a doença celíaca.
Doença celíaca X Sensibilidade ao glúten: conheça as diferenças de sintomas
Para chegar ao diagnóstico da doença, os celíacos precisam fazer uma série de exames a fim de verificar se o organismo produz uma reação contra o glúten. O padrão ouro - teste padrão que serve de comparação, com a finalidade de avaliar a exatidão e assegurar o máximo de acertos - de diagnóstico de doença celíaca é fazer uma biópsia intestinal e avaliar como estão as vilosidades intestinais.
Quem possui doença celíaca não deve consumir trigo e outras fontes de glúten nunca isso, pois cada vez que o portador consumir glúten ele ou ela vai agredir bastante o intestino delgado. O intestino é cheio de vilosidades que são como se fossem luvas e são nesses locais em que a gente vai ter a absorção de todos os nutrientes. No momento em que o celíaco ingere um pouquinho do “alimento contaminado”, vai acarretar numa agressividade no intestino e, consequentemente, numa redução das suas vilosidades, pois o intestino começa a ficar achatado.
Os sintomas podem variar bastante, mas há um aumento no risco de desenvolver outras doenças crônicas. Aumenta até o risco de desenvolver câncer por conta dessa lesão intestinal que acontece. Em outras palavras, quem é celíaco não pode consumir glúten nunca.
Já a sensibilidade ao glúten não celíaca é detectada, geralmente, quando a pessoa também apresenta uma série de sintomas do consumo do glúten, como por exemplo, o intestino preso, diarreia, inchaço abdominal ou apresenta algum tipo de dermatite ou alterações de tireoide. Há uma série de sintomas que podemos suspeitar que seja a doença, porém no momento de se fazer o diagnóstico, a pessoa não tem a doença celíaca e, sim, uma dificuldade na digestão do glúten.
Segundo a nutricionista Ana Paula Vieira, não é necessário excluir o glúten totalmente para o resto da vida, mas sim por períodos determinados e com outras várias modificações na alimentação, como o uso de probióticos e uma série de condutas que devem ser acompanhadas por um nutricionista. Provavelmente, é possível voltar a ingerir glúten esporadicamente.
“Ao invés de pensar em alimentos para excluir, eu recomendo pensar mais em alimentos para inserir o que que você tá deixando de consumir. Se você está comendo pãezinhos ou bolachinhas todos os dias, eu aposto que você tá deixando de comer muitas frutas, mais vegetais e outros alimentos que seriam mais saudáveis e mais benéficos para você. Então o desafio é mais respeito menos".
Vida de celíaco
Apesar dos desafios diários é possível replanejar a alimentação a partir do diagnóstico e manter uma vida saudável. A jornalista, Laila Hallack, conta como se organiza quando precisa comer fora de casa e não sabe o que vai encarar. Desde que recebeu o diagnóstico, Laila se dedica seu blog e vlog para para falar do glúten e ajudar a outros celíacos. Assista:
Comments